segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sobre as asas que quero ter

Desde muito nova sentia a necessidade de voar, de esticar minhas asas e ir longe, ser livre.
Muitas vezes minha liberdade se misturou com inconsequências, mas não era por maldade ou por falta de valor aos outros, nunca corri atrás de algo para prejudicar ao próximo, mas muitas vezes fiz o contrário... Encolhi minhas asas para que não esbarrassem nos sonhos alheios.
Mas sempre que fiz isso, sempre que parei de voar perdi uma luz que brilhava em mim, isso levava a apatia, isso levava a depressão, de tempos em tempos eu começava a me agredir, a fazer as coisas para me machucar, talvez pareça muito estranho, mas era o que sobrava para eu voltar a sentir, para eu tentar me acordar, me livrar das prisões que eu mesma construía para mim.
Volta e meia isso acontece novamente, todas as minhas frustrações desabam e eu não consigo segurá-las, e elas se viram contra mim, como um tapa na cara, como um: Olha o que você esta fazendo com você mesma!
Depois de muitos anos me sentindo errada e tentando entender tudo o que se passava em minha mente e no meu coração comecei a perceber melhor quem eu realmente era, perceber o que eu havia guardado de mim, comecei a ver que eu não tentava mais voar, que eu me colocava em situações de domínio do outro para comigo em uma tentativa, nem um pouco esperta, de que o outro conseguisse me fazer ser normal, me encaixar nos moldes.
Talvez por conta de todos esses meus desajustes e tentativas minhas asas estejam meio cansadas, meio dormentes, perdi um pouco da habilidade que tinha de sonhar, de fazer os outros sonhares, de criar histórias, de transbordar meu amor.
Nestas idas e vindas acabei encontrando pessoas livres, e encontrei um alguém que quer me entender, que não acha que devemos nos prender, que quer viver, quer voar, quer sonhar, que também acabou apagando muito do que era pelo bem do próximo, para se encaixar em uma sociedade que nós nem sabemos se realmente gostamos, ou se queremos ser como ela.
Hoje, muito aos poucos vou abrindo minhas asas, quero voltar a tê-las. Quero que a pessoa que escolhi para dividi-las comigo também possa voar. Que o apego não se apegue a nós. Que as coisas novas nos deixem transbordar de amor e de amar.