quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Um Raimundo que não era

Não era Raimundo
Não tinha uma rima
Mas tinha o coração vasto
Tão vasto quanto o mundo

Um coração leve
Que se entrega, se leva
E se mostra na face
Dois corações, um que não esconde

Se apaixona, ama, se entrega
É simples e tem sonhos
Apesar de voos ainda baixos
Sonha alto e logo chegará

Sei que machuquei esse coração
Que fiz lágrimas correrem por ele
Mas não havia como
Ou se havia...Perdão.

Olho de longe
Sorrio  de longe
Adoro de longe
Um amigo, de certo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Vamos supor

E se realmente cada pensamento pessimista fosse o certo. Se cada pessoa lhe avisasse de possíveis problemas e todos estes se concretizassem. Se cada medo, se cada sonho ruim, se cada faísca de tristeza fosse a única, se não houvesse a esperança de um final feliz?
Como seria o mundo se cada sorriso fosse falso, se tudo que sobresse fossem os pensamentos negativos se todas as cores fossem apenas uma, se cada pergunta fosse respondida com um não?
O coração aos poucos se desfaria, as forças não existiriam e por mais que o sol brilhasse, só haveria escuridão.
Então que venham os erros, repletos de falsas esperanças, mas que todas elas existam para que possa haver a coragem, para que apesar das lágrimas ainda sobre um sorriso sincero no fundo, para que mesmo errando, mesmo acontecendo o inevitável, que mesmo seguindo pelo impossível, possa haver uma luz, um coração que palpita, uma saudade no peito, um sonho bonito e o aprendizado no fim.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Barulho

A mente insiste em mentir
Distorcer, retorcer, enganar
Criar absurdos e acreditar
Desfazer felicidade
Criar intrigas e desabar
Jogar para fora da boca palavrões
Xingamentos, desavenças
A mente se faz monstro
É tortuosa e te faz crer
Ela converte e inverte o bem querer
E o silêncio se cala
E sobra o barulho interno
Que me faz cair.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Nudez

Despi minha alma dos medos
Tirei cada um deles, aos poucos
Ainda sinto o frio
Não vou esconder este corpo nu

Fecho os olhos
Vergonha de me mostrar
Mostrando toda fragilidade
Me entrego totalmente

Ando devagar
Desta vez não vou tropeçar
Me seguro em pensamentos bons
Sua mão a me esperar no final.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Anjo de asas riscadas

Talvez, somente talvez eu já soubesse o que queria.
Quem sabe um sonho tivesse me dito... Mas ao acordar eu tivesse esquecido.
Um anjo de asas riscadas a mão me perguntou se eu tinha certeza.
Eu quase perdi a coragem e disse que não...
Mas o que tem de ser corre atrás, talvez não tenha sido na primeira ou mesmo na décima chance, mas acontece que aconteceu. Acontece que meus olhos se cativaram no sorriso seu.
Anjo de asas riscadas a mão, anjo mais real que qualquer outro, Anjo, primeiro e único que vi sonhar, que me entreguei em pecados e em promessas perdidas, que contei meus segredos e abri-me, que me entreguei sem me entregar, que fui e voltei, e quando voltei vi que já não havia, o mundo tinha seu cheiro, e os sonhos tinham seu gosto.
Sua desde o primeiro olhar.
A parte de mim que eu governava se desfez em um gostar sem tamanho, em um te adorar que em um momento qualquer não conseguiu mais ser guardado e desabrochou de meus lábios e se desfez em mensagens e se colocou na parede. Te adoro. Palavras que forçavam meu ser, que tentavam se segurar, que me arranhavam por dentro até o momento de sair... E no parto a palidez, o medo, o suspense até a tão fatídica resposta... Eu também. Por mais que o sorriso não se aguenta-se... Não era o que eu queria ouvir. Tudo errado, tudo. Mas estava ali, adorar, adorar, a dor... era ardor.
E por fim era amor.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Conto sobre a noite


Era uma vez um Dia claro. Ele era belo e brilhante, ensolarado e com muitos pássaros cantando. Ele vinha todas as manhãs e partia no fim da tarde, ele era elogiado por todos, o calor, a brisa, era o horário perfeito para se fazer todo o tipo de coisa boa, passear, caminhar, trabalhar, ver os amigos, convescotes, churrascos. Ele era um Dia que gostava de se gabar de todas as suas qualidades, se gabava e ia se mostrando para todo o planeta, conforme ele ia vinha a noite. A Noite era tímida, tentava se esconder atrás do brilho das estrelas, ela era silenciosa e não se achava grande coisa. As pessoas costumavam ir para suas casas e adormecer, todos os elogios eram para as luzes, nunca para ela. Ela não se importava. Ela vinha meio sonolenta e apenas observava o mundo, e aos poucos ia vendo todos os lugares, via as crianças chorando para a mãe, com medo da escuridão, querendo afasta-la com todas as luzes.
Houve um dia me que o Dia estava preguiçoso e sonolento, deixou que as nuvens de chuva o cobrissem e não estava disposto a se mostrar a todas, ele devia estar de ressaca de tantas alegrias e festividades, de tanto amor que recebia. Neste dia, veio a Noite, ela estava como sempre no canto dela, mas era uma noite clara, ela resolveu se arrumar, não quis se esconder em nuvens, ela veio, foi caminhando pelo céu e desta vez percebeu algo que nunca percebeu... Apesar de muitas pessoas se esconderem havia uma pessoa. Havia um jovem, ele estava com todas as luzes de sua casa apagadas, estava deitado na grama, entre árvores de flores brancas e olhava o céu. Ele olhava para ela com amor, encarava sem medo, ele a observava, ela podia sentir ele entrar em sua alma e isso lhe arrepiava, afinal ela era uma misera noite... Ela não era bela como o dia, ela não resplandecia. Ela era fresca e calma, não havia nada de que se orgulhar, de que se exibir, ela era envergonhada, só estava fazendo o seu trabalho, substituindo o grandioso dia enquanto ele continuava a se exibir pelo mundo.
Neste dia a Noite se transformou. Talvez ninguém tenha reparado. Mas ela tinha certeza de que o rapaz veria, pois tudo o que ela fazia agora era pra ele.

Pensamentos de um gato


Desde muito nova sou um gatinho complicado de entender. Dentre os meus nasci com algumas característica que todos elogiavam como qualidade mas que com o tempo aprendi  serem também um tipo de defeito.
Eu ouvia os outros e me preocupava, eu queria fazer, queria ajudar, queria ser mais... Não para me mostrar como a melhor dentre todos os gatos, isso nunca me importou. Mas para eu me orgulhar de mim, saber que fiz o meu melhor, que me dediquei e que independente do mundo de fora eu fiz e sou.
Talvez tudo isso ainda pareça estranho de ser dito como defeito... Porém a cobrança é grande, a consciência de que eu podia ter feito mais, o saber que eu não fiz o meu melhor, o ser dominada pela preguiça, a insegurança de mesmo fazendo o meu melhor ainda não ser o suficiente, o me decepcionar comigo mesma por olhar e saber que o meu melhor não é o melhor, que eu deveria inclusive melhorar ele.
As cobranças não param em minhas ações, eu tenho que ser mais inteligente, eu tenho que saber sobre tudo, tenho que conseguir ajudar aos outros quando eles precisarem e não posso me importar caso ajudar os outro diminua o tempo de minhas obrigações, afinal eu que deveria ter sido mais rápida ou quem sabe começado antes.
E as loucuras não param por aqui. Eu tenho que ser bonita, tenho que me vestir bem, tenho que estar cheirosa e estar perfumada, pois devo agradar aos outros, devo ser agradável de estar junto, de ser admirada, tenho que me esforçar para ter um corpo esguio, tenho que ser aceitável dentro dos padrões, preciso agradar principalmente aquele que quero me manter junto, por mais que ele diga palavras de o quão bom já é, já esta... Não consigo parar de pensar no que o mundo diz ser melhor, ser mais bonito... E mesmo ele já falou sobre isso, sobre o fato de que realmente seria mais bonito um corpo mais esguio. Eu nunca fui o sonho de ninguém, nunca fui perfeita em característica nenhuma. Sempre fui um gato normal, ou quase, sou pequena, realmente pequena, tanto que muitas vezes acreditam estar vendo um filhote.
Meus pelos, queria que eles lhe agradassem mais, queria que fossem mais longos, mais macios, queria que fossem negros como a noite, queria ter olhos profundos, grandes e verdes. Mas tudo que vejo é um gato desses de rua, um gato comum, não consegue se destacar, não consegue fazer o bem a todos, não consegue ajudar e tudo que oferece... Eu poderia ser mais.
São loucuras como essa que me fazer passar a noite em claro observando a lua. Perguntando-me se um dia serei capaz de aceitar a mim. Já mudei tanto, já fui de tantas formas e mesmo assim ainda não consegui me agradar, ainda não sou como tanto queria a cada momento descubro novos medos, novos defeitos, descubro mais e mais erros em mim.
Um dia quero acreditar. Acreditar que sou bonita como sou. Acreditar que as pessoas que estão a minha volta o fazem por gostar de mim e não por pena ou por falta de opção. Quero, com todas as minhas forças, acreditar no seu amor por mim. Quero viver sem culpa. E um dia... quem sabe... me sentir digna de ser feliz.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Desejos

Noite perdida em vontades. Lençóis que a todo instante teimavam em se desarrumar. Talvez eu quisesse mais do que dizia, talvez a vergonha me restringia. Tua respiração, tuas mãos, teus lábios, dentes, língua.
A quanto não me sentia assim? Tomada por uma vontade sem ter fim, queria seu corpo, sua carne, queria tudo e ainda queria mais, queria de novo, queria com toda a minha alma, meu ser. Queria cada centímetro de seu corpo, queria sentir com minhas mãos, com minhas unhas, queria sentir com minha boca, com meus dentes. Meu coração batendo no peito, explodindo meus sentidos. Não havia visão, não havia audição, existia o tato, o seu corpo só pra mim.
O medo que apertava a minha respiração me deixava ainda mais louca de vontade, a cada beijo, mordida, a cada suspiro mais alto, nem sei como dizer o que meu corpo pedia, eu gritava por dentro liberando apenas um leve gemido, mas como eu queria pedir mais, como queria me entregar inteira, como queria você.
Mas a mente, ela insistia... Me pedia para parar... Eu tentava, mas você, como me negar a você?
A cada momento, meu deus, cada vez se tornava mais e mais difícil. Por mais que minha mente pedisse, nem meia palavra conseguia sair de minha boca.
Como eu queria.
Até que não havia mais, não havia mais culpa, não havia mais incerteza, não havia certo ou errado, não havia razão que eu conseguisse ouvir pois já não havia a mente onde deveria haver.
O instante era quieto na mente, mas audível, audível nas respirações, no ofegar, como eu queria pedir mais, como queria implorar para que não parasse, para que fosse mais, para ser além, como eu queria gemer seu nome, tudo que eu queria estava ali, era aquele momento, não havia antes, não havia depois... Tudo era o momento, eu estava entregue, eu lhe pertencia como jamais pertenci a ninguém, como jamais quis ser de outra pessoa. Meu coração explodia de prazer, de amor, de alegria, de tudo e ao mesmo tempo de nada, não havia mais espaços para nenhum sentimento, o tudo transbordava.
Mas todo momento passa, tentei segurar os instantes na respiração presa, em minhas mãos, segurar forte, prender com minhas unhas, tentei abocanhar, morder, prender de qualquer forma que pudesse... Aos poucos tudo virou a calma, o sono, a vontade de não mais partir, de permanecer ali, no mais puro silêncio, na total quietude, a meditação completa, a mente vazia, a paz.
E como seria possível depois de tanto fogo, depois de tanta calma a busca novamente, o que te faz assim que novamente eu queria estar ali e me entregar, que mesmo depois de tudo sentir queria mais, como faz tão simples esse desejo?
Que a noite chegue logo...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Segredos

Certas noites gostaria de ficar acordada.
De ouvir o mundo e o silêncio.
Desvendar os segredos e assistir os sonhos.

Meus passos sei de cor.
Queria ouvir os outros.
Saber o que ninguém sabe.

Talvez fosse demais.
Quem sabe eu sorrisse.
Quem sabe eu fugisse.

Universo solto

Palavras que vagam na mente
Desprendem dos lábios
Passeiam no ar

Palavras sem destinatário
Com sentidos vários
Sem medo de chegar

Palavras fugitivas
De desejos sem sentido
Talvez um dia irei falar


Tempo de dar tempo

Os dias tem passada hora rápido hora lento. Os desejos todos parecem se realizar mas o tempo não colabora. Tempo de se organizar, tempo de deixar fluir e de sonhar com o tempo que virá.
A pressa bate forte mas não faz o mundo girar, pressa de passar, de virar e desvirar e ter nas mãos o mundo que me ofereceu.
A noite passa rápido, o dia se estende longo, logo mais é hora de sonhar de novo, de chegar em casa e sorrir, casa...
Lar que caminha pra lá e pra cá e me faz perguntar, já é tempo de mudar?
Onde meus passos vão? Onde meus pés querem estar?
Seguro a respiração e tento não pensar. Talvez tudo seja mais simples que o sonhado... Mas o medo vem me atormentar, e diz baixinho em meus ouvidos que o tempo não virá... Virá?
Se me pergunta, rio baixinho, mas se sou eu a perguntar... Me dá vontade de chorar.
Onde tem andado a força e a coragem que eu tinha? As dúvidas devem ser enfrentadas e vencidas ou esquecidas? 
Nos seus braços me desfaço em sorrisos e lágrimas, nas suas palavras nasceram os sonhos nos meus olhos, nas suas mãos deixo-me.

Sopro

Veio a brisa e num sopro levou.
Trouxe leve outra vida.
Deixou longe tanta história.

O vento esfriou o tempo.
Desfez algumas dores.
Empurrou o que não queria.

A brisa passou.
Me levou pra onde quis.
E agora me leva de lá.