quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Desejos

Noite perdida em vontades. Lençóis que a todo instante teimavam em se desarrumar. Talvez eu quisesse mais do que dizia, talvez a vergonha me restringia. Tua respiração, tuas mãos, teus lábios, dentes, língua.
A quanto não me sentia assim? Tomada por uma vontade sem ter fim, queria seu corpo, sua carne, queria tudo e ainda queria mais, queria de novo, queria com toda a minha alma, meu ser. Queria cada centímetro de seu corpo, queria sentir com minhas mãos, com minhas unhas, queria sentir com minha boca, com meus dentes. Meu coração batendo no peito, explodindo meus sentidos. Não havia visão, não havia audição, existia o tato, o seu corpo só pra mim.
O medo que apertava a minha respiração me deixava ainda mais louca de vontade, a cada beijo, mordida, a cada suspiro mais alto, nem sei como dizer o que meu corpo pedia, eu gritava por dentro liberando apenas um leve gemido, mas como eu queria pedir mais, como queria me entregar inteira, como queria você.
Mas a mente, ela insistia... Me pedia para parar... Eu tentava, mas você, como me negar a você?
A cada momento, meu deus, cada vez se tornava mais e mais difícil. Por mais que minha mente pedisse, nem meia palavra conseguia sair de minha boca.
Como eu queria.
Até que não havia mais, não havia mais culpa, não havia mais incerteza, não havia certo ou errado, não havia razão que eu conseguisse ouvir pois já não havia a mente onde deveria haver.
O instante era quieto na mente, mas audível, audível nas respirações, no ofegar, como eu queria pedir mais, como queria implorar para que não parasse, para que fosse mais, para ser além, como eu queria gemer seu nome, tudo que eu queria estava ali, era aquele momento, não havia antes, não havia depois... Tudo era o momento, eu estava entregue, eu lhe pertencia como jamais pertenci a ninguém, como jamais quis ser de outra pessoa. Meu coração explodia de prazer, de amor, de alegria, de tudo e ao mesmo tempo de nada, não havia mais espaços para nenhum sentimento, o tudo transbordava.
Mas todo momento passa, tentei segurar os instantes na respiração presa, em minhas mãos, segurar forte, prender com minhas unhas, tentei abocanhar, morder, prender de qualquer forma que pudesse... Aos poucos tudo virou a calma, o sono, a vontade de não mais partir, de permanecer ali, no mais puro silêncio, na total quietude, a meditação completa, a mente vazia, a paz.
E como seria possível depois de tanto fogo, depois de tanta calma a busca novamente, o que te faz assim que novamente eu queria estar ali e me entregar, que mesmo depois de tudo sentir queria mais, como faz tão simples esse desejo?
Que a noite chegue logo...

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