sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ciranda de mim

Perde tudo, mas não perde a inocência.

Veja o mundo sempre com os olhos de uma criança e perceba que sempre a algo novo por vir. Você nunca vai saber tudo, nunca vai ter experimentado todas as sensações, e mesmo que tivesse experimentado de tudo, veria que a cada idade perceberia as coisas de uma forma diferente ao provar novamente. O paladar vai mudar, as cores, os aromas, o tato.
Mantém a alegria da criança, o mundo quer brincar de ciranda conosco, então é melhor aproveitar a dança, ouvir todos os ritmos e sorrir para todas as pessoas.
Se me tirar pra dançar serei sua parceira pela vida.
Sou uma criança de olhos grandes e observadores, que sabe chorar e logo em seguida sorrir, que não sabe perdoar pois até hoje ainda não aprendeu a odiar, mas que desde que nasceu tem um amor maior que o mundo, sempre pronta a me doar por inteiro, pois nunca soube como fazê-lo pela metade.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Antes de o sol nascer

A noite se esconde entre as vozes e as conversas, vai se deixando levar pela calma madrugada.
Meu ser descansa tranquilo, sem tumulto, sem turbulência.
O frio se perde entre os cobertores macios, o medo se esquece do momento e se desfaz, passa distante e não tem pressa para voltar.
Seu ombro é meu travesseiro, faz minha mente partir, as preocupações já não existem, pois sei que ao acordar você ainda estará lá, a vigiar meu dormir a se preocupar com meu possível despertar. Talvez uma mão fosse tudo que eu precisasse, e foi tudo como quis, nada demais, nada a mais.
Uma noite doce, um sonho tranquilo.

sábado, 9 de outubro de 2010

Cartas sem destino

Bom dia! Como está você?
Eu estou muito bem, ou pelo menos deveria estar. O dia esta nublado, chuvoso, um pouco mais frio do que o seria agradável para o meu corpo, mas não é motivo grande para me sentir incomodada.
Esses dias tem sido bastante corridos, trabalho, faculdade, um grande cansaço, porém nunca estive tão satisfeita com o as coisas que faço, é incrível trabalhar com aquilo que se gosta. Esse é meu primeiro trabalho...
E você? Gostaria de saber o que tem feito, como anda sua vida, pois agora não tenho tanto tempo para conversas descompromissadas, e muitas vezes acabamos por nem mesmo nos esbarrarmos para um mero oi, o que teria para me contar?
A algumas semanas atras fiz aniversário, é engraçado isso, no mesmo dia recebi a noticia do trabalho, nunca parei pra pensar nessa coisa de que com a idade surgem as responsabilidades, no meu caso a coisa acabou sendo bastante literal...23 anos, hora de trabalhar...TRIIIM...Quando você começa? Segunda ou terça feira?
Algumas coisas ruins tem atormentado a minha mente, entre elas um bocado de minha insegurança...Tenho tantos desejos e planos, e agora que a vida começa a correr com um pouco mais de impulso as coisas parecem ir se desfazendo, parece que eu vou precisar reerguer alguns de meus sonhos...Mas é assim não? As coisas vão passando, as idéias vão passando.
Logo mais vou sair, encontrar com os amigos, é gostoso isso, espero que você também esteja fazendo um pouco destas coisas que dão prazer. As vezes é difícil levantar e fazer, temos a vontade de ficar no canto, num computador qualquer, fazer nada... Esses dias eu tenho me sentido assim, mas ficar parada acaba por me deixar depressiva, aprendi isso a algum tempo, então tenho tentado me mover o máximo possível.
Tenho tido uma vontade grande de conversar, mas sempre que estou com alguém acabo me calando, você tem idéia de porque isso tem acontecido? Estou tentando entender, mas ainda não me ocorreu nenhuma explicação!
Acho que essa carta já esta ficando um pouco longa, vou parando por aqui...
Espero alguma resposta, algum dia quem sabe!
Boa sorte com a vida, ela esta ai, esperando para que você a viva!
Eu vou seguindo a minha por aqui, tentando descobrir quais sonhos eu ainda posso perseguir!

Beijos

Fernanda B. Martinez

Um grande teatro

De frente encaro sua face, as verdades jogadas, servidas sobre a mesa, os medos, os pudores, as farsas, as meias verdades, todas postas, os cálices que não mais se calam. Meus olhos passeiam pelo esdrúxulo cenário, como se não fizessem parte da cena, porém são parte do adorável espetáculo que se apresenta.
As pessoas que assistem de fora devem a cada instante compreender menos a peça que apresentamos, hora de um lado, hora de outro, eles podem ver os desejos, eles sabem pensamentos, mas não compreendem as ações.
Eu que faço parte da atuação me perco em algumas falas, me enrosco em uma vontade de mudar simplesmente o roteiro, parece que tudo fora escrito previamente para que os espectadores pudessem se divertir com a cara de nós, atores, que não sabemos da peça, como se eles soubessem mais do que nós, mesmos sem nada saber.
A comédia se mistura com o drama, o terror se afoga em romances, a linearidade se perde minuto a minuto, é quase um circo que vai se criando, pois a unica reação que parece ter lógica é rir dos absurdos.
E estou lá no palco, vejo meu ser, eu nua, mostrando tudo o que sou, expondo segredos, mostrando a alma, deixando o teatro me levar para onde devo ir, as vezes choro em desespero, ou ver esse meu corpo, sinto vergonha, sinto asco daquilo que vejo como eu. Em outros momentos me ergo, sou dona de mim e faço-me ser o que eu quero.
Aquele que atua a minha frente tenta com mais força que eu esconder suas vergonhas, seus passados, mas tudo esta sempre diante de nós, mãos não são suficientes para esconder os elefantes de nossas salas de estar.
Uma hora as cortinas se fecham, o silêncio dos atores, e vemos o mundo discutir nossas vidas, algumas coisas são úteis, aprender com o que falam, outras são apenas réstias. Talvez no silêncio de nossas mentes recriemos o espetáculo que acabou de ser, mudando as falas, sei que ao menos para mim é assim, mas o que foi apresentado não se repete mais.
E as cortinas sempre voltam a se abrir, para que um novo ato se inicie, as vezes os atores mudam, as vezes a platéia se levanta e aplaude, as vezes ela simplesmente sai, e só sobram as luzes a iluminar a imensidão de nossas idiotices.