segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma escada para o paraíso

Não seria em qualquer lugar, não seria a qualquer hora, por isso, quando aconteceu não pude deixar a oportunidade, de fato, todos querem e procuram um caminho direto para o paraíso. Em uma tarde qualquer encontrei uma escada, ela parecia subir até os céus, lá entre as nuvens de algodão, em um lugar distante de todos os problemas. A escada estava ali, o medo de começar a subida era grande, não sabia realmente até onde a escada iria, mas apenas o prazer em vê-la já me dava a certeza, ali, lá em cima estava o paraíso, aquele com o qual todos sonhamos. A escolha de subir aqueles degraus era também a escolha de abandonar muitas das minhas coisas, mas aquela poderia ser a minha única chance, amanhã a escada poderia ter sido levada, talvez quem a tivesse deixado ali em meu caminho a erguesse de volta aos céus.
Apesar de todas as incertezas ousei subir, comecei degrau por degrau a subir, no inicio era uma empreitada simples, eu estava alegre, afinal eram os primeiros degraus, não havia desgastes, era uma escada simples, como aquelas de pedreiros, degrau em cima de degrau, passo a passo fui subindo, mas como é de se imaginar, o céu, o paraíso fica bem distante, mas a possibilidade de chegar me dava sempre mais forças, os sonhos, o futuro ali, do jeito que eu imaginava, mas o caminho começou a cansar, os degraus agora pareciam cada vez mais distantes, as mão já começavam a doer, e o chão agora era distante, seria ainda mais cansativo voltar, mas eu não sabia quanto ainda faltava, o paraíso ainda parecia mais distante do que o solo, estava longe, distante das minhas mãos, talvez o sol afetasse minha visão, ou realmente o paraíso se afastava de mim assim como eu me afastava do chão.
Uma vida de sonhos talvez fosse mais realista do que aquilo que eu estava vivendo, a busca parecia cada vez mais impossível e a volta não existia mais, tudo a cima que podia ver era a escada, tudo a baixo era a escada, minha única escolha era a escada, subindo cada vez mais lentamente, com as forças se esvaindo, algumas vezes um brilho a mais no céu um não sei o que me dava forças, me dava coragem e subia novamente em velocidade, era como se o paraíso voltasse a me chamar, como se aquele que me entregou a escada dissesse para eu prosseguir que apesar de longa a jornada seria extremamente recompensador.
Mas assim como a força se vai o sono também chega, a fome, as outras necessidades, talvez ai as coisas tenham acontecido, minhas mão se soltaram de forma abrupta da escada, talvez a escada tenha se cansado de mim, mas antes de partir vi mais uma vez o paraíso brilhar em meus olhos, prendi o fôlego e em um mergulho todo o caminho que percorri passou por mim, eu passei pelo caminho, como se tudo estivesse acontecendo naquele momento, via a pessoa na escada e a pessoa a mergulhar, como em um sonho, as lembranças passando, e o sonho se acabando, conforme chegava perto do inicio sabia do fim me aproximar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Linda a história! No fundo desejar o paraíso é desejar a morte, assim como decepcionar-se com um desejo de futuro que não se realizou.

Lu...uma imensidão sem palavras disse...

Real, mas verdadeiramente triste.
Ver o nosso esforço para alcançar a felicidade se esvair entre os dedos. Ver todo o caminho percorrido a nos doer nos ossos, ser despedaçado.
E as nossas esperanças pra onde vão? Os planos? Os ansceios? Esse tilintar de medo ao início do caminho, vem de todas as vezes que tentamos subí-la e novamente caímos. Mas não desistimos da felicidade. Voltamos a tentar o caminho da escada.
Alguns nos julgam por tolos, outros ainda por loucos. Mas depois das dores e fraturas remendadas. Assim que nos depararmos novamente com a esacda, vamos subi-la, afinal pode ser a nossa última chance, a única.

Nunca deixemos de tentar alcançar o paraíso.

Lindo texto.