quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pensamentos de passarinho XII

E lá estava eu mais uma vez... Parado perante minhas culpas, meus erros. Ele não veio, eu sabia que não viria. Fiquei ali, não fui atrás. Quantas vezes as coisas precisariam se destruir para que eu finalmente conseguisse mudar? Quantas vezes eu precisaria ver meus sonhos morrerem para finalmente conseguir alcança-los?
Esta foi minha noite mais longa, ouso dizer que foi e será a noite mais longa de minha vida, se assim como as pessoas eu pudesse chorar, era o que eu estaria fazendo, mas minha lamúria era apenas um canto triste, e esse canto se misturava com a vontade de ficar calado para todo o sempre, talvez essa solução fosse um tanto drástica e sei que não resolveria nada, mas era assim que eu estava, perdido, completamente sem saber o que fazer, sem saber como corrigir meus erros, afinal, não há como voltar ao passado, não há como desfazer meus voos, como apagar minhas músicas, como sumir com meus pensamentos, tudo que eu poderia oferecer era o futuro, mas naquele momento ele não queria me ver, ele não queria me ouvir, por mais que eu cantasse, por mais que eu me aproximasse, o tempo dos concertos parecia ter passado sem que eu tivesse feito nada, e agora parecia apenas o tempo da perda.
Se as estrelas brilhavam eu já não conseguia enxergar nenhuma, tudo aconteceu em quatro dias, quatro passos errados, não colaborei com a ocasião, não me fiz entender e me perdi em meu próprio mundo de tristezas, maldita fase, maldita época em que a tristeza chega e não me deixa espaço para a razão, tolo, é tudo que posso dizer de mim.
Me encontrei com outras aves, não queria estar sozinho, porém não era nenhuma delas a ave com quem eu realmente gostaria de estar, por fim, veio o fim.
O céu desabou em minha mente, vontade de ficar para sempre sozinho, vontade de voar para bem longe, vontade de subir as alturas e virar estrela, sumir do mundo, não queria mais esperar, não queria mais fazer parte de nada, eu sempre estivera sozinho, ou pelo menos, naquele momento era aquilo que eu pensava. Todos que vieram antes partiram, todos que poderiam vir depois, sei que também partiriam, não queria mais viver neste triste mundo onde tudo sempre partia, e quando não partiam... Era eu quem dava as costas. Afinal, existiria no mundo algum lugar que me satisfizesse? Eu acreditava que havia encontrado, mas agora eu parecia ter errado... Mais uma vez, mais um sonho desfeito, mais um desejo frustrado, mais um futuro que jamais existiria. Tudo o que eu queria era que o amanhã nunca mais chegasse.
O fato é que apesar de todo o derrotismo, apesar de tudo despedaçado, quem estava ali era eu. Não sabia ficar parado, não sabia realmente desistir de algo, eu queria uma ultima chance, queria olhar uma ultima vez aqueles olhos, para ter a certeza de que tudo estava perdido, para ter a certeza de não haveria um amanhã. Talvez fosse estupidez, talvez eu apenas me machucaria mais. Machucar mais? Isso era possível? Meu corpo já parecia dormente, os sentimento já estavam partidos, não havia mais o que despedaçar, então porque não? Quando o dia viesse eu partiria, sabia onde ir, sabia onde encontra-lo, só não sabia o que fazer. Mas talvez as coisas acontecessem na hora. Por mais que eu pensassem em um plano genial de como concertar tudo, eu sabia que na hora as coisas seriam diferentes, que elas simplesmente seriam como tinham de ser.

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