quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sobre sonhos

Soubera eu escrever todos os sonhos que tenho. Usar as palavras sem pretensão de serem as mais belas, sem querer escrever o melhor texto, apenas contar as coisas que meus olhos fechados veem.
Talvez o tempo dos sonhos seja diferente do tempo deste mundo e o tempo que gastaria para escrever sobre ele não fosse compatível com a duração de minha vida. As horas que sonhei me parecem muito mais tempo do que todas as horas que já foram vividas por estes meus 25 anos.
Neste mundo muitas das leis seriam quebradas quando eu pronunciasse a realidade em que vivi, tantos pecados, tantas certezas erradas, mortes e amores, crimes, castigos e prazeres, prazeres que eu não saberia descrever, foram cores que os espectros que enxergamos não são capazes de reproduzir. As músicas que ressoaram no ar sem ter de onde vir, músicas belas, que meus lábios não sabem nem ao menos começar a cantarolar, os mapas que percorri que dobravam a física e a geografia, encostas, mares, vulcões e o céu, tudo ao alcance de minhas mãos, coisas das quais lembro da textura, consigo sentir novamente o sabor da terra, da água salgada até mesmo do pão que provei. Todas as idades que tive, as idades que um dia ainda virão, eu vivi todas elas, já fui e deixei de ser eu, sorri e morri, morri, morri, até eu com minhas próprias mãos me matar, sentir a dor da morte, a dor de se ver partir e ver os outros ficarem, acordar com o rosto úmido de lágrimas.
Naveguei, voei, mergulhei, caminhei e cai muitas vezes.
Não seria eu se não fossem todas essas experiências, algumas delas pesam mais em quem sou hoje do que as coisas que eu realmente vivi, ou será que esta vida ínfima e curta é apenas um sonho da vida mágica que levo do outro lado, esse mundo frio e cheio de barreiras pode ser apenas uma parada para podermos apreciar todos os encantos da realidade que existe dentro de cada um de nós e que não pode ser totalmente compartilhada.

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