Tal acontecimento foi explicado em rede pública, para que
todos cidadãos entendessem. De acordo com o que dizia o homem gordo e careca
que falava na televisão, a cidade não só estava fechada, mas também estava
sendo vigiada, para que nada fora dos planos acontecesse.
Cada rua, agora transformada em corredor, possuía câmeras. E
qualquer desrespeito ao soberano acarretaria graves conseqüências, e dependendo
do caso, o infrator poderia ser condenado à morte.
Assim foi criado um novo mundo, pois agora não mais havia
comunicações entre interior e exterior, e para que não houvesse erros, nem o
próprio rei poderia sair. Foi construída uma cidade à prova de falhas, onde
mesmo a infelicidade era uma grave traição. Tudo deveria ser perfeito.
Mas isso não impedia as pessoas de pensar, e em pensamentos,
serem contra tudo aquilo. E, graças ao pensamento, um grande plano começava a
ser arquitetado. Uma revolta silenciosa estava acontecendo. Ninguém exatamente
sabia como aquilo tinha começado e nem o que aconteceria.
O soberano - Pobre coitado!!! - Nem ao menos sonhava com
as proporções do desastre que estava para acontecer. Até que o grande dia
chegou. Todos sabiam que aquele seria o dia, e se tornaria uma data histórica a
ser lembrada como o dia em que a terra parou. Até hoje, ninguém consegue
entender como isso aconteceu. Mas aconteceu.
Todas as pessoas, sem exceção, decidiram não fazer nada. Foi
como se o sol não tivesse nascido. Ninguém acordou. Nada aconteceu. O rei não
conseguia entender aquela loucura, ele não entendia o porquê das pessoas
continuarem imóveis em suas camas.
Aquilo tudo parecia um pesadelo, nem os seus companheiros
levantaram. Lá estava ele, só, sem saber o que fazer pois não tinha em quem
mandar, não tinha a quem pedir conselhos.
Só podia fazer uma coisa: acordar do sonho.
Mas isso não seria possível, pois ele estava consciente e
sabia que estava acordado.
Seu mundo perfeito estava destruído. Sua grande ditadura
estava quebrada e ele não tinha para onde correr.
Então, ele se deitou na cama para fazer como todas aquelas
pessoas e dormir para sempre.
No dia seguinte, como por encanto, todos acordaram, menos o grande tirano, que continuava a dormir o seu sono de morte. E todos sabiam que
tinham vencido. Mesmo sem ninguém dizer nada, todos sabiam o que fazer.
E o trabalho, começava agora. Eles, todos, sem ninguém
mandar, deveriam destruir as ruínas daquele poder que acabava, para reconstruir
um novo mundo ou mesmo uma simples cidade, mas que pudesse fazer realmente parte
do mundo.
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