quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sobre a partida

Desde nosso nascimento deveríamos acostumar com a partida, logo que nascemos nos despedimos daquele ambiente quentinho e úmido para adentrarmos um universo novo e estranho, porque não dizer até mesmo doloroso. Algum tempo depois nos despedimos de nossas mamadeiras, chupetas nosso berço, nosso amigo imaginário nosso cobertorzinho, ursinhos, são diversas despedidas, talvez vendo agora elas pareçam até sem importância, mas se parar para pensar no que é o mundo de uma criança, quais as coisas que as mantém...
Mas a vida não para por ai, nós abandonamos nossas professoras ano após ano, série após série, damos tchau como se fossemos vê-las a cada esquina, mas o tempo passa e sobra só a lembrança dos dias bons, e vamos crescendo e abandonando mais e mais coisas, perdemos os dentes, todos aqueles dentes pequenos e branquinhos, algumas mães até os guardam como recordação, mas eles já não nos servem mais, nossas roupas que tanto amávamos, vamos perdendo a cada centímetro que crescemos, e assim a escola que chamamos de vida vai nos ensinando sobre as perdas e sobre a partida.
Porém o que a muitos acontece é menosprezar cada fato, cada pequena tristeza, não parar para ver aquilo, não contemplar o instante que o sol se põe, o instante da perda, apenas pensamos no que irá vir depois, e fazemos isso com tanta destreza que não nos incomodamos mais, vamos perdendo, perdendo cabelos, perdendo os sorrisos, perdendo as lágrimas, perdendo sempre e cada vez mais.
Mas então a vida vê que nós ainda não entendemos, que estamos deixando passar o momento, que não damos mais importância para as pequenas perdas, e como é sábia ela sabe a hora de acontecer, para que nós realmente percebamos, e ela nos leva algo que não pode ser substituído, algo que seja como for nos fará sempre falta, que por mais que pensemos de forma positiva, não há o que se fazer, algo que deixe sempre aquela saudade, aquele vazio aquele espacinho em branco, ela nos leva um amor grande, um amigo próximo, um parente querido, mostra a sua força, e nós que não aprendemos quando crianças tudo o que nos foi ensinado aos pouco precisamos aprender de forma abrupta o que é realmente a partida.

Um comentário:

Matheus Stefan disse...

"Cada sonho, cada passo
nos é levado
Como quem leva
O tempo nas mãos
E a dor nos ombros
Vivendo cada instante
Aprendendo com esses momentos
Que nunca mais voltaram"

Beijos e Boa Sorte